domingo, 22 de junho de 2025

do @MarcioPochmann, pelo twitter (que o Musk chama de X):

 @MarcioPochmann:
Má notícia para o capitalismo brasileiro 

A informação divulgada sobre o majoritário interesse dos brasileiros pela ocupação por conta própria, superando o convencional emprego assalariado trabalho, parece revelar a regressão - para não dizer a agonia - do capitalismo no Brasil. 

No final do século 19, antes mesmo do fim da escravidão, a transição do trabalho autônomo para o assalariamento no capitalismo nascente foi recepcionada como um novo horizonte superior do mercado de trabalho em criação, onde a mão de obra sobrante se venderia livremente por um salário. 

Desde 1990, com a dominância do neoliberalismo no Brasil, o assalariamento em relação ao total da população estagnou, acompanhando a perda relativa de importância do emprego capitalista no total da ocupação. 

Atualmente, o emprego tipicamente capitalista, isto é, aquele determinado exclusivamente pela lógica do lucro responde por 49% do total da ocupação ante 66% na década de 1980.

Neste período mais recente e concomitante com o estancamento do emprego público, a ocupação de subsistência associada aos pequenos negócios, própria das estratégias de subsistência que se impõem diante da já longeva ruína da sociedade industrial, tem sido a tendência crescente.

Por isso, a ascensão do banditismo social e do fanatismo religioso ocorre mediada pelo declínio das instituições de representação de interesses imposto pelo esvaziamento da relação capital-trabalho (associações, sindicatos e partidos). 

Qualquer menção ao tempo passado, de presença importante do fanatismo religioso e do banditismo social, inspirados em Canudos e no cangaço de Virgulino lampião, não seria mera coincidência. Uma realidade que se impõe.

Em consequência, a relação capital-trabalho, básica no capitalismo pujante, tem cedido lugar para o avanço da relação débito-crédito. Ou seja, qualquer crédito possível de ser obtido, desde o trabalho autônomo (legal ou não) até a renda filantrópica e de programas sociais, assume a centralidade necessária para fazer face ao custo da sobrevivência (débitos).
7:33 AM · 22 de jun de 2025


do dia 20/06/2025:
Vontade do nada dos ricos financeirizados e o quadro de anomia da sociedade brasileira

Após ter crescido 3,5% como média anual entre as décadas de 1950 e 1980, a produtividade no Brasil passou a permanecer estagnada, refletindo o longo período da desindustrialização governado pelo receituário neoliberal da dominância financeira.

Em síntese, a vontade do nada para além dos ganhos fáceis e improdutivos da especulação financeira prevalece na na nova elite rentista que sucedeu a burguesia industrial no país.

No passado distante, filósofos importantes europeus como Arthur Schopenhauer (1788-1860) e Friedrich Nietzsche (1844-1900) discutiram a vontade do nada em contextos diferentes enquanto forma de resistência à cultura da produtividade.
 
No Brasil, a vontade do nada foi tratada no século 19 por Machado de Assis (1839-1908) como a preguiça, a inércia e a falta de ação em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", cujo protagonista aponta como ironia e pessimismo, a vontade do nada como filosofia de vida.
 
No século 20, Macunaíma, a obra de Mário de Andrade publicada em 1928, retrata a natureza do herói identificado como preguiçoso, individualista e avesso a responsabilidades, sem compromisso com a  construção do bem comum.
7:10 AM · 20 de jun de 2025